sexta-feira, 14 de agosto de 2009

A trilha sonora de nosso tempo: Fernanda Takai - Luz Negra (2009)


Fernanda Takai esteve na livraria onde trabalho em primeiro de maio do ano passado. Tinha acabado de lançar o disco com suas versões de músicas de Nara leão, Onde brilhem os olhos seus. Aproveitamos um show dela na cidade (coisa rara, já que sua banda, o Pato Fu, NUNCA tocou por aqui) e a chamamos para uma sessão de autógrafos do álbum e também de seu livro de crônicas: Nunca subestime uma mulherzinha (Panda books, R$26,90).

Mesmo gripada, a cantora foi a expressão máxima da simpatia com todos. Distribuiu muito mais que autógrafos. Quem esteve presente ganhou sorrisos e palavras gentis de uma das maiores cantoras da atualidade (em minha opinião, a maior). E, naquela noite, a cidade ganhou um show sensacional em que ela interpretou as canções que estão nesse disco e algumas coisas diferentes, um repertório um pouco mais abrangente. É a gravação de uma apresentação como aquela que chega agora às lojas em CD e DVD.

Pra mim, Fernanda Takai é a mais bela voz feminina da música brasileira, quilômetros à frente de todas as outras, inclusive as novas divas made in Vila Madalena da MPB. E, além disso, faz parte de uma das poucas bandas dos anos 90 que continua na ativa hoje e com atuação relevante no cenário pop, mesmo que não haja tanta exposição na mídia.

Das 13 canções que compõem Onde brilhem os olhos seus, sete estão nesse registro ao vivo. A escolha é precisamente a daquelas com mais relevância (talvez incluísse “Lindonéia”, que também ficou bacana no disco de estúdio). Porém, como a interpretação da cantora não mudou muito de uma versão para outra, o que acaba se destacando mesmo aqui são as músicas de outros artistas e uma composta por Fernanda e John, o casal do Pato Fu.

A terceira faixa já é “There must be an Angel”, dos (blérgh!) Eurythmics, que fica linda na voz dela. Mais duas do repertório tradicional e vem “Kobune” (versão em japonês para “O Barquinho”) emendada pela belíssima e triste “Você já me esqueceu”, originalmente cantada por Roberto Carlos e que aparece com uma roupagem pop bem moderna (como se fosse difícil fazer isso com as músicas que o "Rei" um dia já cantou).

Depois dessa sequência um pouco introspectiva, “Odeon” abre uma sessão mais animada, que se segue de uma versão bossa nova de “Ordinary World”, que me ganha por ser disparada a melhor música do Duran Duran. No refrão o rock assume seu posto e dá até vontade de sair dançando. A trilogia se encerra com “Debaixo dos caracóis dos seus cabelos”, que escuto mil vezes sem enjoar. Está no meu top 50 da música brasileira.

“5 discos” tem letra de Fernanda e John e tem a mesma sutileza poética que não raro encontramos nos trabalhos do Pato Fu. Fala de perda, de um amor perdido. Um momento que talvez pegue pela emoção fica por conta de “Ben”, de Michael Jackson (mas que garanto, já estava no repertório desde pelo menos aquele show em Santos). E é uma surpresa porque a versão não é tão distante da original, mas ao mesmo tempo surge com uma roupagem nova e apaixonante. O clima volta a ficar pra lá de animado com “Trevo de quatro folhas” e “Sinhá Pureza”. As duas fecham o show com, permitam-me o clichê, um suave e preciso toque de brasilidade.

Se Onde os brilhem os olhos seus, colocou Fernanda Takai no cenário como muito mais do que a vocalista de uma banda meio doida, Luz Negra, o registro ao vivo de uma turnê bem sucedida, estabelece ela, mais uma vez e sem medo de me repetir, como a principal voz feminina da música brasileira contemporânea.

Eu, pelo menos, sou cada vez mais fã.

2 comentários:

  1. Dom Mimi de las Maresias Buenas14 de agosto de 2009 às 18:49

    Não sei o que é pior fã dos Los Hermanos ,fã do Pato Fu ou da Fernanda Takai.
    Mas tudo bem o blog é seu.
    Continuarei a acompanha-lo
    felicidades
    Ogro aprendiz

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  2. A Takai é fofa demais mesmo, e super gente como a gente. Se adorei 'Onde brilhem os olhos seus', pelo jeito vou gostar ainda mais de Luz Negra. Vou ouvir e te falo depois. Beijo!

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