quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

A trilha sonora de nosso tempo - Lily Allen (It's not me, it's you)

A má notícia sobre “It’s not me, it’s you” (2009), segundo disco da cantora inglesa Lily Allen, é justamente essa. Não é novidade! Assim como tudo o que vem sendo produzido na música pop recentemente, Lily não espanta mais ninguém com sua boa música. O que surgiu com ela já foi multiplicado e copiado. As Katy’s (Nash e Perry) que o digam! É assim que funciona hoje em dia, quando cada vez mais a máxima “nada se cria, tudo se copia” é levada a sério.

Só que o lado negativo acaba por aí. Pois o disco é bom. Muito bom!

Confesso que tive certa má vontade de ouvir esse disco, por achar que seria mais uma artista super hypada na estreia e que cairia vertiginosamente no segundo trabalho. Foi assim com duas bandas que me cativaram em seus primeiros discos (Cansei de Ser Sexy e Kaiser Chiefs) e que me decepcionaram em seguida. E eu não queria me decepcionar com Lily, principalmente depois de ver o vídeo da primeira música de trabalho e perceber que somente a imagem dela é que me fez assistí-lo até o fim.

Minha desconfiança até que durou uma música. Não me empolguei com “Everyone’s at it”. Achei sem sal, apesar de boa. Logo em seguida já vem o single “The Fear”. Finalmente pude ouvir de verdade, sem a influência da imagem da menina de franjinha e sorriso matador. E nada mais justo que essa seja a música de trabalho. Embora eu tenha gostado mais de outras faixas. Eu realmente nunca achei que o “carro-chefe” de um disco seja o melhor que o artista tenha a apresentar.

Mas eu comecei mesmo a ser conquistado a partir da terceira. “Not Fair” retoma um pouco a atmosfera do primeiro disco, principalmente na sonoridade. A sequência seguinte é bastou pra me convencer, com a baladinha “I Could Say” e a minha favorita “Never Gonna Happen”, letra cruel em contraste com uma leveza sonora de ritmo cadenciado, a mesma voz gostosa de sempre e um refrão pegajoso que só. Nem parece que ela está dizendo para alguém que nunca mais quer vê-lo.

Aí já estamos na segunda metade do disco e não tem mais jeito. Qualquer desconfiança e má vontade sumiram faz tempo. Das que fecham o disco, merecem destaque “Fuck you”, “Chinese” e “He wasn’t there”, minha segunda escolhida, com clima de cabaré, recriando inclusive os característicos chiados que simulam uma transmissão de rádio dos anos 30 ou 40.

Lily Allen é uma garota linda, que gosta de causar polêmicas como suas “colegas” de geração. A diferença é que ela ainda chama mais atenção pela música do que pelas besteiras que faz ou fala. E mesmo estas passam quase (eu disse quase) imperceptíveis. É o símbolo de uma geração e segurou muito bem a onda de lançar o fatídico segundo disco. Vai se firmando como uma das mais importantes e talentosas artistas, dentro de seu segmento. Não cabe comparar com a estréia. Não cabe comparar com as outras. Mas esse disco surpreende justamente por não dever nada para seu antecessor. O que nos dias de hoje já garante um ótimo resultado.

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