quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

A trilha sonora de nosso tempo - Wonkavision (2008)

Ouvi falar pela primeira vez na Wonkavision há cerca de sete anos. Uma banda gaúcha (que hoje em dia é quase uma denominação de estilo musical) com melodias bubblegun e pegada forte na guitarra. Me agradou desde sempre, só de ouvir falar. Dois caras e duas meninas é a formação que sempre me pareceu perfeita para um conjunto pop. E, no caso deles, isso acabou por se confirmar quando pude, enfim, ouvir as músicas de suas primeiras demos.

De lá pra cá, poucas mudanças. A principal é que agora há apenas uma garota na banda. As letras também mostraram um amadurecimento considerável. Mas a fórmula pop pegajoso + peso nas guitarras continua firme e forte. E é justamente isso que se pode enxergar no segundo disco da banda, ainda não lançado de forma oficial, mas já na internet, disponibilizado pela própria banda ao longo do ano passado, uma música por mês, em seu site. Até por isso não há capa definida e nem tracklist oficial.

Nas comunidades do grupo no orkut era aquele frisson: “Qual será a música de março?” “O que acharam da de fevereiro”. “Em que mês será que vem a música tal?”. Um verdadeiro banco de apostas que se formava mês a mês e com o final sempre igual: a satisfação desses mesmos fãs. A Wonkavision pode não ter o sucesso de mídia que merece, mas possui uma consistente teia de fiéis seguidores.

É claro que surge a inevitável comparação deste com o primeiro disco. Se na estreia a banda ainda contava com Grazi no baixo (que saiu logo depois da gravação), hoje Guss, que durante muito tempo tocou como músico contratado, assume essa função magistralmente. Guss, inclusive, pertencia a sensacional Vídeo Hits no final dos anos 90.

O disco:

Se é que eu tenho que apontar algum defeito, esse seria as três canções em inglês. Mas só porque as letras em português são tão bacanas que é inevitável ficar um gosto de quero mais. Mas isso seria dizer por dizer, porque gosto bastante delas, principalmente de Double Deeling e Write a note.

O disco começa com a canção de janeiro. Ímpar Perfeito é doce na melodia e de leve acidez na mensagem. Junto com Rebobinar e Paranóia é a música que apresenta a linda voz de Manu, que assumiu de vez (e sozinha) o posto de garota e cantora da banda. E está cantando mais do que nunca, com uma voz sem muita invenção e que atinge em cheio.

Tanto faz é a minha preferida. Talvez pelo refrão pegajoso e o joguinho que a letra faz com referências pop. Pumadidas é a crítica. Letra muito bem sacada em cima de uma base instrumental inebriante. Critica justamente essa geração na qual eu “meio” que me encaixo, que tenta a todo custo se auto-rotular como indie sem ao menos saber o sentido certo de palavras como alternativo e independente. A Farsa que eu fracasso em ser é amarga. Remete a Problemas, do primeiro disco.

O Fora e Superpoder formam um par. A crueldade e a rispidez do fim de um relacionamento, sob a ótica de ambos os personagens, cada um em uma das canções. Nelas falta amor, mas sobra a manjada fórmula melodia + distorção, que acaba sendo a metáfora perfeita.

O disco termina com ½ amor. A canção com apelo mais pop, talvez de toda a carreira da banda. Mas sem cair em clichês e fórmulas convencionais. A voz de Manu novamente encanta e é aqui que mostra todo seu potencial. Pra mim, ela é imbatível no rock alternativo hoje em dia.

A Wonkavision não fez sucesso de mídia até hoje. Eu tive a sorte de vê-los tocar duas vezes aqui na minha cidade. E veria tantas outras que pudesse, pois assim como quando ouvi falar deles pela primeira vez, sempre me empolgo quando sei de alguma novidade hoje em dia. Com a diferença de que agora tenho as músicas para ouvir.

Um comentário:

  1. Wonkavision é mesmo muito bom e a voz da Manu dispensa comentários. Isso sem falar que simpatia é pouco para definir esses três (na oportunidade que tive de conhecer a banda, o Guss ainda não era um dos integrantes).
    Eu ia escrever "Vou baixar agora!", mas como estou no trampo... Tá, vou tentar baixar no fim de semana... rs
    Beijos

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