segunda-feira, 18 de maio de 2009

A trilha sonora de nosso tempo - She & Him (Volume 1)

Vejam só como são as coisas. Estava eu convalescendo de uma dessas viroses tão famosas e sobre as quais as pessoas mais velhas sempre nos alertam, quando resolvi assitir um filme, alguma novidade. Escolhi o novo do Jim Carey, "Sim Sr.", afinal, pra quem estava de cama nada melhor do que uma comédia. Bom, funcionou mais do que eu esperava, pois eis que no final, encantado com a "mocinha" do filme, Zooey Deschanel, resolvi ir atrás de outras coisas que ela já tinha feito (a Débora agora vai vibrar e gritar que sempre teve razão, eu vejo filmes por causa das meninas bonitas).

Foi então que eu descobri ela e ele. Ou melhor, She & Him, dupla formada pela bela garota e por um tal de M. Ward.

Tá bom, é injustiça relegar ele ao papel de mero coadjuvante. Cantor e compositor respeitado na nova cena da folk music americana, foi co-produtor de discos de Cat Power, Nels Cline (Wilco) e Jenny Lewis (Rilo Kiley) e integrante do Broken Social Scene. E é claro que é ele o responsável pela sonoridade do álbum de estreia da dupla, que por enquanto tem uma cara de projeto paralelo (Ward acaba de lançar seu mais recente disco-solo "Hold Time" e ela, como já disse, é atriz). O clima é sessentista, uma coisa bem em moda recentemente. Mas diferente da maioria das novidades que andam rezando voltadas para os anos 60, Ward sabe chegar ao exato ponto da mistura. As harmonias reverenciam sim esse passado distante, mas não deixam de estabelecer conexão com o novo. Enfim, é ele quem faz com que Zooey não seja mais uma dessas atrizes que se metem a cantar e acabam produzindo coisas chatas.

Na verdade, Zooey é centenas de vezes mais cantora do que outras colegas suas do cinema. A impressão é que ela sabe o que está fazendo o tempo todo, deixando-nos a vontade para não precisarmos ser condescendentes com ela só por causa de seus olhos azuis, sua franjinha e seus vestidinhos fofos.

O disco é muito bom. Não vai mudar o mundo (será que alguém ainda espera isso?), mas é melancólico na medida certa, como na abertura que diz "Chorei a noite toda até não ter mais nada", em Sentimental Heart e animado quando achamos que nada viria para nos fazer sorrir, como na declaração de amor cool de Why do you let me stay here ou na deliciosa I was made for you, com clima, vocal e backings que remetem, ainda que ao longe, aos grupos vocais femininos da Motown.

Não há divagações pseudo-existencias nas letras. São canções de amor. Umas tristes e outras alegres, como deve ser. No meio disso tudo, uma versão arrasadora de You really got a hold on me (se você não sabe de quem é não sou eu aqui que vou dizer), tão triste quanto o pedido por um abraço pode soar. Chegando ao final do disco ainda temos uma roupagem levemente havaiana para I Should have known better (também deles), que de tão leve chega a flutuar.

Impossível não citar também como favorita Change is Hard, folk docemente triste, derramando lágrimas por sobre a história de um amor perdido. A protagonista conversa diretamente com a nova garota daquele que ela perdeu. Também vale a pena por Take it Back e Black Hole (até um pato descordenado como eu pode sair dançando a qualquer momento nessa). Em Got me, Zooey solta a voz e me faz lembrar da infância, da fitinha da Joan Baez que meu pai sempre colocava no Fusca velho de guerra. A letra é tão pueril que nos deixa esperando alguma ironia, que não vem ("Vi seu rosto, minha mão você pegou feito em uma história de um livro. E você me ganhou. Yeah, você me ganhou")

Na verdade, como vocês puderam perceber, poderia falar que todas as canções do disco são as minhas preferidas. Volume 1, a estreia de uma dupla que talvez nunca encare isso como uma coisa séria (turnês, mais discos e tals) é uma das coisas mais deliciosas que ouvi nos últimos anos. Então, amigos, perdoem a empolgação e o excesso de elogios. E mais do que me perdoar, ouçam e concordem comigo:



Why Do You Let Me Stay Here? (Tradução)

Por que você me deixou ficar aqui, sozinha?
Por que você não vem e brinca aqui?
Eu só estou sentada na estante
Por que você não senta aqui e fica um pouco?
Nós gostamos das mesmas coisas e eu gosto do seu estilo
Isso não é um segredo, por que você o guarda?
Eu só estou sentada na estante
Eu tenho que te comprar uns presentes, vamos fazer isso ficar conhecido
Eu te acho tão agradável, adoraria te ter como meu
Por que você não senta aqui e me faz sorrir?
Você me faz sentir como se eu fosse uma criança
Por que você revisa? Apenas me dê crédito
Eu só estou sentada na estante

2 comentários:

  1. Pois é, darling, eu sempre tive razão, ha! Mas até que a guria é bonitinha mesmo... rs

    Depois de post tão rasgadamente elogioso, o troço deve ser realmente muito bom. O vídeo é encantador, apesar do finalzinho trash.

    A gente volta a conversar sobre a sua menina de franjinha, vestidinho e olhos azuis depois que eu baixar o álbum, tá bom pra você?

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  2. Don Mimi de las Maresias buenas26 de maio de 2009 às 20:11

    Po cade a lista das musicas?

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