segunda-feira, 3 de maio de 2010

A trilha sonora de nosso tempo - She & Him (Volume 2)

Não quero começar com aquela ladainha manjada de que a modernidade e as inovações tecnológicas permitem hoje certas coisas que há alguns anos seriam impossíveis e todo aquele blá, blá, blá. Tampouco vou dizer o que já foi dito aqui sobre toda a qualidade da dupla She & Him. Porém, entre o velho papo que explicaria o motivo de eu ter escutado Volume 2 poucos dias após o lançamento e elogiar as belas canções de Zooey e Ward, fico com a segunda opção.

Outro clichê seria falar sobre a maldição do segundo álbum. E sobre isso tenho uma teoria: com as tais inovações tecnológicas, é praticamente impossível que o fã não saiba o que vem no trabalho seguinte à estréia de uma banda. E a própria (neste caso a dupla) usa esse expediente para sacramentar e difundir seu estilo, sua cara, sua música.

Assim, a surpresa que Volume 1 causou transforma-se aqui em um sorrisinho de canto de boca, como se quiséssemos dizer um sonoro “Eu já sabia”. Em alguns casos isso pode jogar contra, mas não aqui. Mesmo sem surpresas, o conteúdo do disco agrada aos já adeptos e conquista novos, a cada vez que alguém desavisado o ouve.

É claro que tudo começa com um videoclipe engraçadinho com a deslumbrante Zooey Deschanel esfregando aqueles olhos azuis em nossas caras despudoradamente. O visual ajuda, ninguém é bobo de negar. Acontece que sem M. Ward ou até mesmo sem a voz que tem a atriz, tudo não passaria de uma coisa bonitinha de se assistir. É por isso que passado um minuto, “In the Sun” convence por si só. Quando você notar, nem estará mais prestando atenção no vídeo.

Depois é fácil se livrar dessa mania de querer ver tudo o que há no youtube com os dois (ou com ela) e começar a ouvir o trabalho inteiro. “Thieves” já traz aquele clima sessentista que perdura até o fim. Alguns artistas novos tentam isso com resultados desastrosos ou insossos. Com sua voz e delicadeza, Zooey não permite esse deslize.

Como nas covers “Ridin’in my car” da banda NBRQ, onde ouvimos a rara voz de M. Ward dando um toque preciso. No geral ficou fiel a original, só que menos acelerada e com um pouco mais de “gingado”. Já “Gonna get along without you now”, de Skeeter Davis, apesar de modernizada, preservou a atmosfera. Já imagino um filme ambientado nos anos 50, com aqueles carros antigos em alguma cidade pequenas dos EUA. Logo depois entraria outra cena, com “Brand New Shoes”, também com essa característica.

E, sinceramente, se eu quiser falar aqui de cada uma das outras canções do álbum, não vai ter fim. Basta que eu diga que, fora essas, minhas preferidas são a melancólica “Lingering Still”, a balada tristonha “Me and You” e a serena “Sing”.

Volume 2 permite que as análises sejam todas baseadas em gostos pessoais, estéticos, até. Como ando desinteressado do que se produz de “novo” hoje em dia, para mim é perfeito. Mas o mais importante é saber que She & Him leva muitos de nós a duas coisas: ir atrás dos álbuns solo de M. Ward (para os que não o conheciam) e discutir se Zooey Deschanel rende mais no cinema ou na música. Fico com os dois, se é que posso ter a múltipla escolha.

Bom, se não conhece, comece pelo vídeo mesmo:



Um comentário:

  1. Esse vídeo é uma gracinha mesmo. Tenho uma invejinha dessa menina, viu?! rs
    Preciso baixar o Volume 2, vou procurar agora.
    Beijos ;)

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